Amaciar o motor: é de fato necessário?
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Amaciar o motor: é de fato necessário?

Um dos debates mais acalorados entre entusiastas de automóveis e profissionais do setor automotivo: é realmente necessário amaciar o motor? E, se for, qual é o método correto?

A Controvérsia: Duas Escolas de Pensamento

Basicamente, quando se trata de amaciar o motor, existem duas escolas de pensamento:

  1. Seguir as instruções do fabricante descritas no manual.
  2. Acelerar forte e exigir muito do motor nos primeiros quilômetros.

É aqui que começam as controvérsias entre as duas opções. Alguns preparadores e mecânicos de motores e carros de competição defendem que um amaciamento "forte" é a melhor maneira de garantir que o motor atinja seu máximo potencial de potência.

Contudo, a maioria dos fabricantes de veículos esportivos e de alto desempenho ainda recomenda seguir uma série de orientações para o amaciamento do motor, evitando uso severo e abrir por completo o acelerador nos primeiros quilômetros.

Para este artigo, vamos focar em veículos de produção, e não em veículos modificados ou com qualquer tipo de preparação. Portanto, descartaremos a segunda opção e nos concentraremos no motivo pelo qual é essencial seguir as diretrizes do fabricante.

É preciso amaciar um motor novo?

Sim. Apesar dos avanços significativos nas técnicas de metalurgia e engenharia nas últimas décadas, bem como na tecnologia de lubrificantes, tendo como resultado folgas internas entre as peças menores e peças com um controle de qualidade superior, sempre existem pequenas imperfeições (especialmente em motores produzidos em massa).

Estas imperfeições exigem que o motor opere sob certas condições por um período determinado, para que as peças se assentem corretamente, garantindo maior vida útil do motor, a potência declarada e, em geral, uma alta eficiência do motor.

O Papel da Temperatura

É essencial lembrar que a maioria das peças dos motores é metálica e que os metais têm a propriedade de expandir e contrair conforme varia a temperatura. Para garantir o assentamento correto das peças em um motor novo, precisamos considerar esse fato.

Se um motor opera numa temperatura maior, a expansão dos metais será maior. Se no período de amaciamento o metal se expande mais do que o requerido, o desgaste entre as peças será maior, afetando a eficiência do nosso motor a longo prazo, em vista que as folgas tenderão a aumentar com o uso durante a vida útil do motor.

Como os motores têm diferentes metais em sua composição, cada um deles tem um comportamento diferente frente a temperaturas e requerem também um intervalo de tempo diferente para assentar corretamente. Por isso que os fabricantes calculam um intervalo de quilômetros (intervalo de tempo) e limite de rotação/RPM (restrição de temperatura) em que se deve de seguir as indicações a fim de garantir que todas as peças assentem da maneira apropriada"

Diretrizes para um Amaciamento de Motor Correto

Cada fabricante tem suas diretrizes e parâmetros específicos, dependendo do tipo de motor e outras características. Mas, de forma geral, todas acabam recomendando princípios semelhantes.

Vamos explorar essas principais indicações para realizar o amaciamento de maneira correta:

Varie a velocidade e rotação do motor (RPM)

O ideal é alternar entre diversas faixas de rotação do motor, evitando ir até a linha vermelha do conta-giros e não dirigir em uma velocidade constante. Por esse motivo, não é recomendado usar rodovias com um motor em fase de amaciamento, pois na rodovia tendemos a manter uma velocidade e rotação constantes.

Em vez disso, varie ambos, respeitando os limites impostos pelos fabricantes. Por exemplo, pode-se evitar ultrapassar 4000 RPM nos primeiros 1000 quilômetros.

Evite acelerações bruscas e o uso máximo do acelerador

A aceleração deve ser gradual, nunca excedendo mais de 75% do acelerador aberto. Alguns fabricantes podem sugerir não usar mais da metade do acelerador até atingir uma determinada quilometragem.

O importante é evitar acelerações muito repentinas e variar a mesma, conforme o ponto anterior.

Evite rebocar e transportar cargas pesadas

Ao transportar mais peso, o motor será mais exigido, e as cargas aplicadas serão maiores. Essas cargas não são benéficas para o processo de assentamento das peças.

Se possível, evite transportar muito peso, mesmo que seja abaixo da capacidade máxima indicada no manual.

Evite trajetos curtos

Não é recomendável fazer trajetos curtos onde o motor não consegue atingir sua temperatura de funcionamento adequada.

Como os metais expandem e contraem com a temperatura, se o motor não estiver funcionando na temperatura correta, as peças não expandirão o suficiente, o que pode levar a uma folga interna maior e a uma vedação não ideal dos anéis do pistão com o cilindro.

Usar o motor desta forma nos primeiros quilômetros pode levar a um desgaste mais acelerado e redução da eficiência.

Faça a troca de óleo conforme indicado pelo fabricante

O lubrificante é um componente essencial para a durabilidade e vida do motor. A primeira troca de óleo deve ser realizada no intervalo indicado pelo fabricante.

Conclusão: Por que o Amaciamento é Essencial

Seguir estas diretrizes não só garantirá a maior eficiência e vida útil do motor, mas também a de muitos outros componentes do veículo que também precisam de um período para assentar e entregar o melhor desempenho: rolamentos, transmissão, freios e até mesmo os pneus!

Ao seguir as instruções para amaciar o motor, você está garantindo que seu veículo estará em ótimas condições por muitos e muitos milhares de quilômetros. É, portanto, essencial para a longevidade e eficiência do seu veículo seguir as diretrizes do fabricante para o amaciamento do motor.

Veja também: Motor queimando óleo: como acontece e como resolver?

 

 

Leonardo Urdaneta

  • Técnico Automotivo e Engenheiro Mecânico
  • 15 anos de experiência na indústria automobilística
  • Apaixonado pelo mundo dos motores desde criança e gearhead convicto